Não tenho ainda documentos que confirmam toda a história que vou contar, portando devemos considerar grande parte dela como lenda. Ao divulgá-la tenho a esperança de conseguir pistas que me levem a fontes de pesquisas que possam confirmá-la em parte ou no todo, contando com a colaboração dos Piantinos.
O relato que se segue ouvi de meu pai Jocílio Piantino; parte dele, ouvi de meu avô Gioachino (Joaquim) Piantino.
O primeiro Piantino a emigrar em 1891 foi Carlo Luigi Piantino, filho do Patriarca Giovanni Piantino. Veio direto para São Paulo onde tinha um contato: um italiano que trabalhava como empreiteiro de obras na capital paulista.
Um contratempo já relatado neste Blog levou Carlo até o Uruguai; retornou depois iniciando seu trabalho no Brasil (história confirmada pelas duas certidões de desembarque de Carlo Piantino fornecidas pelo Memorial do Imigrante). Ganhando a confiança do Empreiteiro italiano, Carlo passou a supervisionar pequenas obras no interior de São Paulo.
Vendo que o trabalho era farto e promissor no setor de obras, Carlo, com o apoio do conterrâneo, chamou dois de seus irmãos (Giuseppe e Gioacchino) que chegaram ao Brasil em 1892, e passou a trabalhar por conta própria.
De cidade em cidade executando obras e fazendo reformas e ampliações na área da construção civil, usando técnicas ainda não dominadas no país, ensinadas por seu pai Giovanni Piantino que era especialista em concreto armado (Muratore), chegaram à região próxima a Passos (Ribeirão Preto, SP e depois Cássia, MG).
Em junho de 1.899, a Mesa Diretora da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário decidiu construir o frontispício (fachada principal) e as torres da Igreja do Rosário, construída em taipa.
Os membros da irmandade tomaram conhecimento de uns italianos que estavam realizando obras em alvenaria e concreto, técnicas modernas a época, em Cássia, MG. Os contataram e os contrataram para a execução das obras programadas para a Igreja do Rosário.
Carlo, Giuseppe e Gioacchino, mais alguns italianos que trabalhavam com eles, vieram então para Passos para executar as obras contratadas pela irmandade do Rosário, projetadas pelo arquiteto Camilo Provenzano.
Conta a lenda que ao término do serviço, quando do pagamento da empreitada, os membros da Irmandade informaram que para o pagamento eles tinham uma parte em dinheiro e o restante seria apurado com a venda de uma casa. Caso os italianos quisessem poderiam ficar com a casa.
Os irmãos puseram-se de acordo e ficaram com a casa o que possibilitou trazer para o Brasil o restante da família: O pai Giovanni, então viúvo, a irmã Maria, os irmãos Giovanni (João), Quinto e Pietro (Pedro), bem como a esposa de Giuseppe que ficara na Itália, Giuseppa Quaregna Piantino (tia Pinota).
Por isso, segundo a lenda, a família Piantino se fixou em Passos no final do século XIX. O Patriarca Giovanni Piantino aqui morreu; todos os seus filhos, menos Giuseppe, aqui se casaram; todos aqui se tornaram independentes montando seus próprios negócios e todos no Brasil viveram e morreram, sem nunca ter voltado à terra natal.
Uma história da qual fui testemunha com meus 13 anos. Por volta de 1953, sob pressão dos vizinhos, alegando que suas torres eram inseguras e que poderiam ruir, resolveu-se demolir a centenária Igreja do Rosário. Meu avô Gioachino (Joaquim) Piantino riu, dizendo: - “As torres não caem nem com terremoto; vão ver só a trabalheira que vai dar na hora de derrubar”. Não deu outra.
Para referência dos mais novos (ou menos idosos), a Igreja do Rosário estava localizada na atual Praça Geraldo da Silva Maia no terreno onde está hoje o prédio principal da Prefeitura Municipal de Passos.
FONTES: Álbum de Passos de 1920, História de Passos (Vol. 1), Memorial do Imigrante e Projeto Imigrantes.