sábado, 3 de abril de 2010

PONTILHÃO DA SANTA CASA

No cruzamento das atuais ruas Santa Casa e Dr. Sepúlveda, hoje provido de uma rotatória ou rotunda, até a década dos setenta do século passado, quando as duas ruas se cruzavam em níveis diferentes, existia um Pontilhão. Para quem se dirigia à Santa Casa de Misericórdia a pé, “transporte” mais comum à época, o acesso era feito através de uma longa escadaria de alvenaria. Escadaria essa que o pessoal menos educado ou “apertado” usava como mictório, deixando no ar permanentemente um inconfundível cheiro de banheiro de rodoviária.






O Pontilhão da Santa Casa, nome inapropriado porque Pontilhão, segundo o Aurélio é um diminutivo irregular de PONTE. Ponte, segundo o mesmo dicionário, significa construção destinada a estabelecer ligação entre margens opostas de um curso de água ou de outra superfície líquida qualquer.

Como o Pontilhão da Santa Casa não ligava duas margens opostas de nenhum curso de água, o nome mais apropriado seria VIADUTO: “construção destinada a transpor uma depressão de terreno ou a servir de passagem superior”.

Veja só que chique. Passos já teve Viaduto. Destruído e enterrado, em nome do progresso, para dar lugar a um verdadeiro tobogã, com um aclive tão acentuado que não permite a circulação de veículos pesados. Aliás, atitude recorrente das administrações públicas passenses, que não vêem com bons olhos as coisas antigas, consideradas velharias inúteis.

Os Piantinos, que vieram para o Brasil em 1892 e trabalharam como construtores, especializados que eram em alvenaria e concreto armado, foram contratados pela Irmandade da Igreja do Rosário (também demolida) para construir, em alvenaria, o frontispício da igreja, incluindo as duas torres.

Por aqui ficaram e se estabeleceram, depois que receberam como parte do pagamento pelo trabalho na Igreja do Rosário uma casa, trazendo o restante da família.

O Viaduto da Santa Casa tem (ou tinha) para mim um valor sentimental inestimável. Segundo o livro Câmara de Passos – 150 Anos de Antônio Grilo, foram os Piantinos que construíram o Viaduto da Santa Casa. O Livro cita um contrato da Câmara com o italiano Carlo Piantino para a construção do viaduto. Tio Carlos, apesar de não ser o mais velho dos irmãos, era quem liderava o grupo, formado por seus irmãos e outros italianos naturais de Gaglianico que vieram com eles para o Brasil.